quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Vaticano

Cidade-Estado, encravada dentro de Roma, domínio temporal do papa. É o menor Estado independente do mundo. Em sua área está localizada a basílica de São Pedro, cujas medidas perfazem 135,5m de largura por 187m de fundo. O  conjunto dos palácios do Vaticano cobre área de 44.000m2 e tem cerca de 1.400 divisões, entre quartos, salões, capelas e amplas salas atualmente ocupadas por museus, bibliotecas e pinacotecas.
         Contém, ainda, históricos jardins,um prédio de correios, uma estação de estrada de ferro, serviço de telefones,duas poderosas estações radiodifusoras e uma de televisão, um observatório astronômico, dois cinemas, um jornal e uma editora capaz de imprimir em quase todos os caracteres.
         O papa exerce também poder sobre todas as basílicas de Roma, mesmo fora do Vaticano, como a famosa basílica de São João de Latrão.
         Mantém-se financeiramente da contribuição que recebe dos bispos de indenização paga pelo governo italiano e da venda dos selos que emite.
         O Vaticano, como bairro nordeste da cidade de Roma, esteve sempre intimamente ligado à história do cristianismo; segundo o historiador romano Tácito (Anais, XIV, 14) teria sido o local em que foram martirizados inúmeros  cristãos, acusados por Nero do incêndio de Roma. Segundo a tradição cristã, o apóstolo são Pedro também foi ali martirizado e sepultado, por volta do ano 67. Quando o cristianismo gozou de liberdade, sob o imperador Constantino I, a partir de 326, este presentou o papa com o palácio do senador romano Pláutio Laterano, situado nesse bairro. Em tempos da Roma pagã, o Vaticano era um subúrbio de belos jardins e vilas luxuosas. Além da doação, Constantino mandou construir, ao lado do palácio, a basílica do Salvador, como catedral do papa. Desde cedo, contudo, foi insuficiente para as atribuições e cerimonial religioso dos pontífices; ameaçada de ruir, foi mandada demolir pelo papa Nicolau V. a primeira pedra para a nova basílica - a de São Pedro - foi colocada em 1506.
         A construção desta obra de arte durou 120 anos. Os maiores artistas da Renascença italiana nela trabalharam. As obras começaram sob a direção de Rafael. Em 1546, o plano geral seria modificado sob a direção do escultor Michelangelo. Sua área de construção se estende sobre a antiga basílica e sobre um circo que Calígula mandara fazer  no lugar. Como reminiscência deste é conservado o seu obelisco, na praça de São Pedro, em frente à basílica. A praça, semicircular, circundada de colunas de mármore, foi terminada por Bernini em 1667.
         A basílica é reservada para os atos mais solenes da vida religiosa papal. Nela se fazem as canonizações, as recepções de peregrinos, as proclamações de Ano Santo, as grandes cerimônias festivas dos dias santos e as exéquias papais. Fora disto, o papa celebra em sua capela particular e era nesta que, no 4º domingo da quaresma, benzia a rosa de ouro, presente seu a membros de famílias reais que se destacavam de algum modo. A princesa Isabel do Brasil, por ter abolido a escravidão, mereceu-a em 1888.
         Os chefes bárbaros Alarico e Genserico, ao invadirem Roma, deram ordem a seus soldados para poupar o Vaticano. Não se livrou, porém, do saque a que os sarracenos submeteram Roma em 846. Depois disto, o para Leão IV (847-855) mandou cercá-lo com fortes muralhas. Em 1527, seria saqueado pela última vez por saldados luteranos do exército de Carlos V. Durante a residência dos papas em Avignon, França, ficou praticamente abandonado. Gregório XI, ao restaurar Roma como sede do papado, apesar do abandono em que estava, ali foi residir. A partir de então suas dependências foram ampliadas e, como novo gosto artístico que surgia na Europa, embelezadas. Durante os sécs. XV e XVI foi decorado por grandes pintores: Fra Angelico, Rafael, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Murillo, Pinturrichio, Bramante, Perugino, Ticiano, Corregio e outros. Atualmente o Estado do Vaticano é um autêntico museu, ao mesmo tempo que um impressionante monumento histórico. Sua biblioteca histórica é a maior do mundo: contém mais de 60.000 manuscritos, 900.000 livros impressos, e 6.000 autênticos incunábulos.

Vaticano moderno. O Vaticano como Estado político independente surgiu como solução para o problema que se chamou de Questão Romana. Desde o início da Idade Média exerciam os papas poder temporal, ou seja o governo efetivo sobre Roma e a parte central da Itália. Os Estados pontifícios ocupavam área aproximada de 41.000km2. Nos meados do séc. XIX, irrompeu o movimento pela unificação da Itália, liderado por Cavour e Garibaldi. A 14-V-1861 era proclamado Vitor Manuel rei da Itália unificada. Do povo dos Estados pontifícios, consultado por plebiscito, 126.000 pessoas votaram a favor da unificação, e 756 contra. Roma continuava sob o poder do papa, guardada por soldados franceses. Os italianos, contudo, não poderiam aceitar outra capital para a Itália.
         quando Napoleão III, em guerra com a Prússia, foi obrigado a retirar suas tropas de Roma, os patriotas a ocuparam (1870). Pio IX se recusou a negociar, considerando-se prisioneiro no Vaticano. A situação continuou sem solução até 11-II-1929, quando Mussolini assinou com Pio XI o tratado de Latrão, criando-se o Estado do Vaticano, onde o papa continuava a ser rei temporal. O tratado tem 27 artigos, além de um mapa do novo Estado. Quase todos os súditos do Vaticano ou são colaboradores ou empregados do papa. Seu número não passa de 1.000.
         A corte papal é relativamente numerosa e composta quase só de eclesiásticos. Rege-se por cerimonial que lembra muito a corte romano-bizantina. O Vaticano tem quatro guardas encarregadas da proteção do papa: (1) a guarda nobre, de oficiais de famílias nobres; (2) a guarda suíça, criada por Júlio e composta exclusivamente por cidadãos suíços; (3) a guarda de honra, formada por cidadãos romanos e (4) a gendarmeria pontifícia, responsável pela manutenção da ordem.
         O governo político do Vaticano é exercido pelo secretário de Estado, espécie de primeiro-ministro, assistido pela Congregação dos Negócios Eclesiásticos. Uma de suas principais preocupações é a diplomacia da Igreja. O Vaticano é representado junto às nações por meio de núncios, internúncios e delegados apostólicos. 
O núncio corresponde ao cargo de embaixador.
 O Congresso de Viena, em 1815, estabeleceu que este seja considerado o decano do corpo diplomático dos países. O internúncio corresponde a ministro  plenipotenciário. Os delegados apostólicos tem jurisdição eclesiástica nas regiões que lhes são destinadas. Atualmente, o Vaticano tem mais de 42 representações diplomáticas. Os núncios não tem jurisdição eclesiástica sobre as nações, transmitem ordens e fazem o papel deligação entre os bispos e a Santa Sé. Sua missão é essencialmente diplomática. Com a morte do papa, o governo do Vaticano passa para o Sacro Colégio, dos Cardeais. (A.X.T.)


FONTE:
Enciclopédia Barsa

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